Prezados,
Estamos postando o projeto multimídia intitulado "Consciências", popondo uma reflexão acerca do fechamento de toda a problemática do preconceito étnico em datas: dia da consciência negra, dia do índio, etc.
Projeto: Dia da Consciência Negra: libertação ou aprisionamento?
Resumo: O projeto que segue tem por objetivo apresentar uma apreciação acerca do dia 20 de novembro, intitulado “Dia da consciência negra”, em suas contradições sob uma perspectiva pós-moderna e pós-estrutural, a partir dos pressupostos da Análise do discurso de linha francesa, Orlandi (1998, 2000) e dos estudos culturais a partir de autores como Bhabha (1999) através da construção de um produto audiovisual.
Palavras-chave: consciência negra; discurso-pedagógico; discurso midiático;
Objetivos: O presente material tem como objetivo apresentar, através de imagens, um contraponto frente à caracterização do “Dia da consciência negra”, enquanto data essencializante.
Apresentar a importância da reflexão acerca das tomadas de posição acerca do “negro” na sociedade.
Apresentar contradições inerentes à delimitação, através do enunciado “dia da consciência negra”
História do Dia Nacional da Consciência Negra
Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número
10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu
Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do
Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.
Contudo, deve-se observar que, de fato, delimitar esta data a um momento de reflexão acerca da importância da cultura e do povo afro se ressignifica, não apenas no sentido valorativo, mas, por outro lado, numa espécie de confirmação da exceção que vira regra, pois ao se categorizar um dia como o dia de, está-se enquadrando uma determinada idéia.
Pensar a “consciência negra”, já é, em certa medida, um enunciado conflitante, pois o que se pretende é abrir os horizontes no que diz respeito ao pensar as práticas em relação àqueles que são descentes com características fenotípicas mais marcantes e apresentam, economicamente, menor poder.
Quando se determina um dia para se comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira, desconsideram-se todos os outros dias como não sendo da consciência negra. Logo, cai-se num jogo discursivo que ao mesmo tempo que prega a liberdade e a igualdade, segrega e ex-centraliza o objeto, aliás, torna-o objeto de contemplação. Segundo
Bhabha (1999), faz-se necessário escapar do pensamento ingênuo que acaba dicotomizando as relações sociais, na ilusória tentativa de equiparação.
O fato de agora haver a valorização de um líder negro na história afro-brasileira, suscita a reflexão acerca de que história é essa, que valorização em verdade promove-se. O discurso, que unifica língua e história,em sua relação com o poder enquanto político, entranha-se com o saber fazendo emergir efeitos de verdade e, inversamente, a maneira pela qual os jogos de verdade fazem de uma prática ou de um discurso um lugar de poder. Falar de consciência implica numa relação de poder entre os sujeitos.
Assista ao vídeo do grupo Ana Suely, Juliana, Rita e Ueila!
Referências
Homi K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana L. de Lima Reis, Gláucia R. Gonçalves. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.
http://www.ufrgs.br/cdrom/bhabha/comentarios.htmhttp://www.suapesquisa.com/colonia/http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htmhttp://www.historiadobrasil.net/quilombos/